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quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Para quem está se afogando jacaré é tronco"



Assim foi como descreveu uma moradora do povoado de Rocha Cavalcante, localizado no município de União dos Palmares (73 km de Maceió), um dos mais atingidos pela maior tragédia ocorrida em Alagoas.

O povoado de Rocha Cavalcante, ou Barra do Canhoto como é mais conhecido, é banhado pelo Rio Canhotinho, que tem nascente no estado de Pernambuco. Um local pequeno onde todos são conhecidos. O povoado que tinha fama de ser um lugar calmo e pacato, típico de cidades interioranas do passado, mudou de característica depois da grande enchente que atingiu 26 municípios Alagoanos.

Segundo alguns dos moradores, o desespero foi grande, pois o rio encheu rapidamente, não dando para salvar nada além da própria vida. E isso só ocorreu porque em uma pequena lanchonete localizada no centro do povoado, era um dos únicos prédios que possuíam laje, aonde, aproximadamente, 100 moradores subiram para fugir da água.

“Não sei como eu consegui subir naquela laje. As outras pessoas foram me ajudando, até que quando eu menos esperava já estava lá, com aquele monte de gente”, nos contou Dona Lurdes Correia, que mora no povoado desde que nasceu, há quase 70 anos. “Para quem está se afogando, jacaré é tronco”, finalizou.

Pós-enchente

Alguns dias após a maior tragédia natural ocorrida no estado de Alagoas, o cenário era desolador. O povoado que antes começava a se organizar, no sentido estrutural, ficou entre ruínas, lama e lixo. Logo na entrada, eram encontrados restos de móveis, casas destruídas, e muita lama que ficou acumulada depois que o rio baixou. Ajuda chegava, mas com dificuldade, porque carros não passavam.

Várias pessoas ficaram desabrigadas e tiveram que ir para um local junto com outros desabrigados, ou foram para casa de parentes.

Mas a situação começava a mudar. Uma semana após a enchente, já podiam ser encontrados nas ruas do povoado, tratores fazendo a limpeza, policiamento e pessoas que se mobilizaram em prol de uma causa, a solidariedade.

Solidariedade

O clima em todos os cantos do estado é contagiante. As pessoas se comoveram tanto que as doações não paravam de chegar. Chegou a um ponto em que a Defesa Social fez um apelo para que não dessem prioridade na doação de alimentos e roupas, pois o estoque já era grande.

No pequeno povoado, o clima não é outro. Uma cidade que antes era pacata e calma, o movimento esta aumentando. Voluntários e doações não param de chegar.
De acordo com informações, um dia antes da minha chegada ao local, foram distribuídos botijões de água, alimentos e roupas. Mas ainda há necessidade de material de higiene e de limpeza. Além da energia, que não tinha sido regularizada até o momento.





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